sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

SOZINHOS NA ILHA DESERTA...

Um engenheiro finalmente conseguiu realizar o sonho da sua vida: um cruzeiro. Estava começando a desfrutar da viagem quando um furacão virou o navio como se fosse uma caixa de fósforos. O rapaz conseguiu agarrar-se a um salva-vidas e chegar a uma ilha aparentemente deserta e muito escondida. Deparou com uma cena belíssima: cachoeira, bananas, coqueiros… mas quase nada além disso. Ele se sentiu desesperado e completamente abandonado.
Vários meses se passaram, e um belo dia apareceu, remando, uma belíssima moça, daquelas de fazer parar o trânsito em São Paulo. A moça começou uma conversa:
– Eu sou do outro lado da ilha. Você também estava no cruzeiro?
– Estava! Mas onde conseguiu esse bote?
– Simples! Tirei alguns galhos de árvores, sangrei alguma borracha, reforcei os galhos, e fiz a quilha e os remos com madeira de eucalipto.
– Mas… com que ferramentas?
– Bom, achei uma camada de material rochoso, evidentemente formada por aluviões. Eu descobri que esquentando este material a uma certa temperatura, ele assumia uma forma muito maleável. Mas chega disso! Onde você tem vivido esse tempo todo? Não vejo nada parecido com um teto…
– Para ser franco, eu tenho dormido na praia…
– Quer vir a minha casa?
O engenheiro aceitou, meio sem jeito. A moça remou com extrema destreza ao redor da ilha. Quando chegou no “seu” lado, amarrou a canoa com uma corda que mais parecia uma obra prima de artesanato. Os dois caminharam por uma passarela de pedras construída pela moça, e depararam, atrás de um coqueiro, com um lindo chalé pintado de azul e branco.
– Não é muito – disse ela – mas eu o chamo de “lar”. Já dentro, ela convidou:
– Sente-se, por favor! Aceita um drinque?
– Não, obrigado! Não aguento mais água de coco!
– Mas não é água de coco! Eu tenho um alambique meio rudimentar lá fora, de forma que podemos tomar Pinas-coladas autênticas!
Tentando esconder a surpresa, o engenheiro aceitou. Sentaram no sofá dela para conversar. Depois de contarem suas histórias, a moca perguntou:
– Você sempre teve barba?
– Não. Toda a vida eu andei bem barbeado.
– Bom, se quer se barbear, tem uma navalha lá em cima, no armarinho do banheiro.
O homem já não perguntava mais nada. Foi em cima no banheiro e fez a barba com um complicado aparelho feito de osso e conchas, tão afiado quanto uma navalha. A seguir, tomou um bom banho, sem nem querer arriscar palpites sobre como ela tinha água quente no banheiro. Desceu sem poder deixar de se maravilhar com o acabamento do corrimão.
– Voce ficou ótimo! Vou lá em cima também me trocar por algo mais confortável. Em instantes, a moça estava de volta, com um delicioso perfume de gardênias, e vestindo um estonteante e revelador robe, muito bem trabalhado em folhas de palmeira.
– Bom – disse ela – ambos temos passado um longo tempo sem qualquer companhia… Você não tem se sentido solitário? Há alguma coisa de que você sente muita saudade? Que lhe faz muita falta e do qual todos os homens e mulheres precisam?
– Mas é claro! – disse ele esquecendo um pouco sua timidez. Tem algo que venho querendo todo esse tempo. Mas… Aqui nesta ilha… Sabe como é… Era simplesmente impossível.
– Bom, já não e mais impossível, se é que você me entende…
O rapaz, tomado de uma excitação incontrolável, disse, quase sem alento:
– Não acredito! Você não está querendo dizer que… Você bolou um jeito de pegar os seus e-mails aqui, na ilha?!

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